sábado, 9 de outubro de 2010

A spirit with a vision is a dream... with a mission.




Como se explica uma paixão incondicional?

Comecemos com o contexto histórico; talvez isto nos direcione há uma resposta concreta, coesa, talvez plausível enfim.

Não lembro-me exatamente como tudo começou; eles SEMPRE estiveram presentes. Lembro-me vagamente que a paixão pela música em minha casa era tamanha, que antes de termos instrumentos musicais de verdade, tinhamos os mesmos de mentira. Recordo-me que meus irmãos montaram uma "bateria" com baldes, caixas vazias de pizza e uma estrutura para móveis, inspirados em um certo baterista de uma certa banda canadense chamada RUSH.

Anos mais tarde, um desses meus irmãos (Emanuel) me explicara que tudo começou com uma fita magnética com pequenos trechos de uma música da banda chamada "The Camera Eye", (quinta faixa do clássico disco "Moving Pictures") e o mesmo, à época viciado em games, fizera uma analogia musical aquela música em específico à trilhas sonoras de determinados jogos do "Super Nintendo", em especial ao F-Zero (game de automobilismo com missão e visão futuristas), e que, desde então, começara uma busca interminável por tudo que se relacionasse ao super power trio canadense RUSH (e sempre vale lembrar que na época, início dos anos 90, era imensamente mais difícil termos acesso ao mundo musical do que nos dias de hoje, apenas vinte anos depois).

Enfim.

Via tudo acontecer; os discos, as músicas, os posters, os vídeos... e, desde sempre, me apaixonara por tudo aquilo, mas, passava longe de ter o fanatismo deles; como caçula e muitíssimo jovem à época, não assimilava tal paixão com tanta força.

A principal lembrança era a parede do quarto de nossa antiga casa; novamente meu irmão Emanuel, imensamente talentoso com todos os tipos de arte existentes, desenhara a mão, com um simples lápis, TODA a parede do quarto, sendo o tema a capa do disco "Roll The Bones", evidentemente do Rush. Uma pena que não tenho um registro físico de tal obra de arte; a riqueza de seus detalhes são impressionantes.

Concomitante a tudo isto, foram comprados aos poucos e gradativamente instrumentos musicais "de verdade", como uma bateria (que não só a preservo como a uso até os dias de hoje), guitarra, violões e afins, e a trilha sonora pioneira, única e exclusivamente, era (e é) o Rush. Afinal de contas, como poderia ser diferente?

Basicamente, o RUSH influenciou absolutamente o rumo de nossas vidas. O que nos uniu, o que temos em comum, a irracionalidade assimilada a racionalidade, enfim, tudo, acreditem-me, TUDO.

Em meados de agosto de 2002, lembro-me claramente do meu mesmo irmão Emanuel chegando em casa nos informando, com os olhos arregalados e os nervos à flor da pele, que, após mais de vinte anos de espera, finalmente, o RUSH se apresentaria pela primeiríssima vez no Brasil. Meus irmãos André e Denis acharam que era brincadeira, tamanha inesperada e sonhada surpresa.

Apesar de não entender a tamanha grandeza da banda à época, aquele 18 de novembro de 2002 foi o maior divisor de águas de minha vida até então; decidi, por exêmplo, que queria ser músico (baterista mais especificamente falando) e, dentro da medida do possível, escritor; tais escolhas influenciaram, absoluta e absurdamente, toda a minha trajetória de vida até então; finalmente, descobrira duas de minhas paixões inabaláveis: Letra e música.

Daí em diante, foram N descobertas, N noites sem dormir, N lágrimas derramadas por simples descobertas musicais... enfim, uma explosão musical, uma explosão de sentimentos, uma explosão de paixão. E minha paixão inabalável pelo RUSH, tornara-se absoluta; descobri todos os discos, histórias, vídeos, partituras, letras, traduções... se, por exêmplo, hoje entendo algo de inglês, é graças à banda.

Enfim, eis que, em meados de junho desta vez, chega a notícia de que o power trio voltaria ao Brasil para apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente.

Em São Paulo, o show aconteceu no dia 08/10, mas especificamente, anteontem.

Pensei que não chegaria ao show. Fui ao mesmo tomado pela emoção e paixão inabaláveis, que juntas vencem o cansaço e tornam-se uma força irracional, motivada pelo objetivo final, o "bem maior", o grande triunfo; vê-los, desta vez, de perto, na minha frente, se possível (E VÍ!). Encontrei, por pura sorte, acaso ou destino, todos os meus irmãos e meu primo, todos aqueles que construiram e, posteriormente, compartilharam a história e a tamanha representatividade do RUSH em nossas vidas; concomitantemente, ver todas aquelas milhares de pessoas ao nosso redor trajadas de RUSH, com o mesmo olhar cintilante e desejo incomum de ve-los, cantar suas músicas, fazerem seus "air drums" e afins, me trouxe a certeza de que todos tinham uma história em consequência ao RUSH (pois, acreditem-me, o RUSH é capaz disto). O Rush é ÚNICO.

E é chegado o grande momento, o meu, de meus irmãos e primo e mais, aproximadamente, 40 mil pessoas: O GRANDE SHOW!

Às 21:30 horas em ponto, as luzes do estádio se apagam; virei para meus irmãos e gritei mais para os céus do que para eles: É AGORA! Eu suava, minhas mãos tremiam, meu coração disparou... começa o vídeo de abertura do show e, minutos depois, eis que surge o primeiro acorde de "The Spirit Of Radio". Não sabia o que estava acontecendo... apenas olhei, pulei, gritei... enfim. Na segunda música, "Time Stand Still", as lágrimas tornaram-se inevitáveis; passa o filme todo na cabeça, desde o início dos instrumentos musicais inventados até o sacrifício que fizera para chegar até ali... mas, fundamentalmente, os caras que mudaram a minha vida estavam ali: EXATAMENTE na minha frente. Olhei para os lados, as lágrimas eram copiosas, eram todos apaixonados, assim como eu.

E foi lindo. Apenas isto; lindo. Até agora "a ficha não caíu". São flashes na cabeça, apenas, e saber que realizei mais um sonho, e que, muito provávelmente, tal noite será outro grande divisor de águas em minha vida.

Paixão. Esta é, absolutamente reduzida, a história de minha enorme paixão pelo power trio canadense, o RUSH. O contexto histórico explica a paixão? Explica... mas talvez, não justifique. Portanto, pergunto-me: Sentimento se justifica? Creio - e já dissertei a respeito disto anteriormente neste mesmo espaço - que o sentimento é a ÚNICA coisa na qual o ser-humano não tem pleno controle; Não generalizando, fundamentalmente, alguns seres-humanos tem muita aptidão e controle sob seus sentimentos, mas, seu controle total e absoluto, é impossível (e esta já é outra história, além de tudo).


...


E já que me mostrei incompetente para justificar minha paixão inabalável pelo RUSH, só me resta fazer um sincero e honestíssimo desabafo em meu pobre e pequeno espaço "internético":

RUSH, MUITO OBRIGADO. MUITO OBRIGADO NEIL PEART, GEDDY LEE E ALEX LIFESON. OBRIGADO AO RUSH POR MUDAR A MINHA VIDA, OBRIGADO AO RUSH POR EXISTIR.

E realmente...

"Everything... RUSH is everything!"

Do muito - muitíssimo até - louco,


Cauê Cruz.